CPI supera expectativa e aponta responsabilidade do governo, diz Renan Calheiros
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(Foto: Divulgação) |
Um mês após a instalação da CPI da Pandemia, o relator
Renan Calheiros (MDB-AL) disse nesta sexta-feira, 28, em entrevista coletiva em
Brasília que as investigações superam as expectativas e que considera que vidas
poderiam ter sido salvas com uma postura diferente do governo.
"Estamos chegando ao final de 30 dias de trabalhos
bem-sucedidos, não há vertente que haja frustrado as expectativas, pelo
contrário, tudo tem caminhado além das expectativas que anteriormente
tínhamos", declarou.
Até o momento, a CPI ouviu figuras importantes para o
enfrentamento à pandemia no país, como os ex-ministros Luiz Henrique
Mandetta, Nelson Teich, Eduardo Pazuello e Ernesto Araújo,
além do presidente da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, e o
diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.
"Se algo pudesse ser dito como antecipação, de tudo que
até agora se observou, diria que nós já temos clareza absoluta, com 100% de
convicção, de que muitas vidas poderiam ter sido salvas se o governo tivesse
adotado um comportamento público com decisões lógicas e objetivas, em favor da
ciência e em defesa da vida dos brasileiros", disse Renan,
acrescentando que, até o momento, não planeja entregar um relatório
preliminar da apuração.
"O relatório preliminar só tem sentido quando quando se
esgota algum aspecto da investigação. Quando não se esgota ou tem procedimentos
democráticos a adotar, como ouvir o contraditório, é importante seguir o
processo sem ansiedade, sem agonia, para que a investigação seja correta,
isenta, apropriada e do tamanho que a sociedade cobra de todos nós",
afirmou.
Reconvocação de Eduardo Pazuello
O senador comentou sobre o requerimento para reconvocar o
ex-ministro Eduardo Pazuello, aprovado na última quarta-feira, 26.
"A reconvocação de Pazuello foi, no melhor sentido, um
'por favor, pare um pouco, você já causou um mal muito grande ao povo
brasileiro. Se acautela, deixe de aglomerar, de estimular essas coisas, já não
basta o que fez quando estava a frente do Ministério?'", disse. "A
convocação tem caráter pedagógico fundamental, senão essa prática soa como
desrespeito aos trabalhos da comissão e não podemos aceitar que isso
aconteça".
No último domingo, 23, Pazuello participou, sem máscara,
de um ato no Rio de Janeiro ao lado do presidente Jair Bolsonaro.
Renan avaliou ainda que o melhor depoimento até o momento foi
o dessa quinta-feira, 27, do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.
"O depoimento do professor foi a maior colaboração que
tivemos. Esperamos ter outros depoimentos importantes", falou.
Convocação dos governadores
Ao lado de Calheiros, estava o vice-presidente da comissão,
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que disse ter sido convencido da importância do
depoimento dos governadores à CPI.
"Acho até que os governadores podem dar contribuições
importantes. Eles que estão na ponta enfrentando a pandemia. É importante para
perguntar: 'Tem coordenação nacional? Qual apoio vocês têm recebido?",
concedeu ele, que era contrário ao requerimento.
A CNN apurou que ao menos 19 governos estaduais
pretendem ingressar com pedido no STF (Supremo Tribunal Federal) para
desobrigar os chefes de governos locais a comparecerem à comissão do Senado.
"O requerimento ocorreu, não era adequado, mas vai ter
uma decisão do Supremo. No que é preceituado, no nosso sentimento, na
Constituição, no artigo 146 do regulamento interno do Senado, não pode. Mas, se
puder, tem inclusive requerimento de convocação do presidente da
República", falou Randolfe. "Acho que os governadores inclusive podem
contribuir, até quem sabe na qualidade de convidados. Eles têm informações
sobre os conflitos nos estados com o presidente da República que talvez
necessitem de esclarecimento".
(*) Com informações da CNN.
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