STF decide que recurso do Google no caso Marielle será tema de repercussão geral
(Foto: Divulgação/CMRJ) |
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira, 27,
que o recurso do Google contra o compartilhamento de dados de usuários com o
Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), na investigação do caso Marielle,
seja tratado como “repercussão geral”. Na prática, isso significa que o
entendimento proferido desse recurso deverá ser usado em todos os casos
idênticos, em instâncias inferiores.
O MP-RJ deseja ter acesso a dois conjuntos de dados: a
geolocalização de todos os usuários que estavam nos arredores do pedágio da
Transolímpica, na zona oeste do Rio, na noite de 2 de dezembro de 2018; e todos
os usuários que fizeram buscas no Google pela agenda da vereadora Marielle
Franco na semana anterior ao crime.
Segundo as investigações do MP, o carro usado pelos réus do
duplo homicídio, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, foi visto pela última vez na
região da Transolímpica. Os promotores querem os dados referentes a um período
de 15 minutos de trânsito na via.
Os outros dados, referentes a busca pela agenda de Marielle,
seriam porque ela divulgou os compromissos que teria naquela semana nas redes
sociais. Os promotores querem saber quem fez buscas com as seguintes
palavras-chave: "Marielle Franco", "vereadora Marielle",
"agenda Marielle", "agenda vereadora Marielle", "Casa
das Pretas", "Rua dos Inválidos 122" e "Rua dos Inválidos”.
Em alegações ao longo de julgamentos em outras instâncias, o
Google já havia argumentado que o caráter genérico da solicitação viola a
Constituição e o Marco Civil da Internet, e acrescentou também que uma decisão
neste sentido poderia abrir precedentes para que outras situações de quebra em
massa do sigilo de informações ocorressem no futuro.
A ministra relatora do recurso, Rosa Weber, já se mostrou
contrária a um outro caso de compartilhamento de dados, no caso da Medida Provisória
954/2020.
A MP do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) previa que as
empresas de telefonia teriam que compartilhar os dados dos usuários com o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a produção de
estatística oficial durante a pandemia do novo coronavírus.
Um argumento utilizado pela ministra é que a MP não
apresentava mecanismos para proteger os dados pessoais de acessos não
autorizados, vazamentos acidentais ou utilização indevida.
O Google, em nota, informou que não irá se manifestar. O
Ministério Público do Rio de Janeiro também afirmou que não vai se posicionar,
"em razão do sigilo imposto à causa".
(*) Com informações da CNN.
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