GR7 NOTÍCIAS

Operação da PF que mirou ‘caixa 2’ de ex-vice-governador do AM, em 2022, está sem desfecho

Jadson Lima e Lucas Thiago - Agência Cenarium 

O ex-vice-governador do Amazonas, Henrique Oliveira, e a fachada da Superintendência da PF no Amazonas (Reprodução/Redes Sociais | Composição: Sâmila Magalhães/CENARIUM)
MANAUS (AM) – A investigação da Polícia Federal (PF) que mira o ex-vice-governador do Amazonas, Henrique Oliveira, e a ex-esposa do político, Adriana Mendonça, por suspeita de integrarem um esquema de desvio de recursos públicos da campanha eleitoral de 2022, via “caixa 2”, está sem desdobramento desde janeiro de 2023. Dois meses antes, em 30 de novembro, agentes federais fizeram busca e apreensão em endereços ligados a Oliveira e Mendonça, no âmbito da “Operação Amor Fantasma”, em cumprimento a mandados expedidos pela Justiça Eleitoral do Estado.

Os procedimentos de apuração criminal, conduzidos pela Superintendência da PF no Amazonas, foram paralisados em 4 de janeiro de 2023, após uma decisão assinada pelo então presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), desembargador Jorge Manoel Lopes Lins. Na época, a defesa de Mendonça, que foi candidata a deputada federal pelo Pros e era uma das investigadas no esquema, pediu a anulação da medida cautelar “diante da inexistência de fundadas razões para a decretação da operação”. O assunto teve repercussão nacional. Leia aqui.

“Determino suspensão do processo de investigação, com a consequente paralisação dos acessos aos documentos ou materiais apreendidos e dos serviços de degravação em computadores, aparelhos de telefonia, servidores, documentos físicos e eletrônicos e quaisquer outros meios que constem o nome da [investigada]“, escreveu o desembargador. Veja a decisão na íntegra ao final desta reportagem.

Henrique Oliveira e Adriana Mendonça foram alvo da PF após indícios apontarem que a mulher, candidata ao cargo de deputada federal pelo Pros no pleito de 2022, recebeu sozinha cerca de R$ 3 milhões em recursos do Fundo Eleitoral para fazer campanha naquela eleição. O valor foi repassado ao Amazonas pelo diretório nacional da legenda. Apesar de ser uma das campanhas mais ricas, a candidata teve cerca de 240 votos e não se elegeu.

Adriana Mendonça, ex-esposa de Oliveira, é suspeita de integrar esquema de desvio de recursos (Reprodução/TSE)
Na época da “Operação Amor Fantasma”, a PF cumpriu cinco mandados de busca e apreensão em endereços na capital amazonense. A ação contou com a participação da Delegacia de Defesa Institucional (Delinst), responsável pela investigação e repressão de crimes que afetam a segurança e a ordem institucional do País.

Em nota à imprensa, após o cumprimento dos mandados, a corporação afirmou que, além de Henrique Oliveira e Adriana Mendonça, três empresas “que possuem um mesmo sócio em comum” eram investigadas por suspeita de participação no esquema de corrupção. “São investigados pela PF um ex-vice-governador do Estado do Amazonas, sua ex-esposa e três empresas”, disse a instituição.

Segundo apurado pela PF, a ex-esposa de Henrique Oliveira recebeu alta quantia em dinheiro de partido político, aproximadamente R$ 1,5 milhão, o qual foi repassado às empresas investigadas. A investigação mostrou indícios de que a então candidata não engajou a candidatura nas redes sociais. No período que antecedeu a ida do eleitor às urnas, Mendonça publicou 33 vezes em seus perfis.

Agentes da PF próximo a empresa de comunicação dos investigados (Arquivo/Ascom PF)
Durante a operação policial, os agentes federais apreenderam os celulares dos envolvidos, computadores e documentos com o objetivo de aprofundar as investigações em curso. “O cumprimento do mandado de busca e apreensão visa identificar a prática delituosa, bem como angariar outros elementos indicativos de autoria e materialidade”, afirmou a PF em trecho de uma nota.


O nome da operação “Amor Fantasma” é uma alusão à relação conjugal entre os principais investigados.


Ex-vice-governador

Henrique Oliveira ocupou o cargo de vice-governador do Estado entre 2015 e 2017. Eleito em 2014 na chapa com José Melo (Pros), em uma eleição contra Eduardo Braga (MDB), o político foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por compra de votos em 4 de maio de 2017.

Por maioria de votos (5 a 2), os ministros entenderam que José Melo tinha, pelo menos, conhecimento da compra de votos realizada por Nair Queiroz Blair dentro do próprio comitê de campanha do então candidato, no dia 24 de outubro de 2014. A empresa de Nair era contratada pelo governo estadual por R$ 1 milhão.

Esta reportagem não conseguiu localizar as defesas dos citados, mas o espaço segue aberto para esclarecimentos.

Nenhum comentário