Lázaro contou a reféns que monitorou família do DF antes de atacar
Vinte e três dias antes de assassinar brutalmente quatro
pessoas de uma família no Incra 9, em Ceilândia, o maníaco Lázaro Barbosa,
32 anos, invadiu uma chácara na mesma região, obrigou os moradores a rezar a
oração do Pai Nosso e tirou foto das vítimas sem roupa. Os reféns contaram um
detalhe que pode indicar o modus operandi do serial killer: ele monitora toda a
região antes de atacar.
Uma mulher que ficou sob a mira de um revólver disse que o
próprio criminoso narrou ter passado o dia todo vigiando a residência. Lázaro
reproduziu até diálogos dos parentes ao longo de sua campana.
A moradora relata que o psicopata colocou o celular para despertar
à 0h, e nesse horário saiu levando alguns objetos, desculpou-se dizendo que
teria recebido ordens para “levar a cabeça de alguém”, mas que havia entrado na
casa errada.
Essa mesma testemunha ressaltou ter visto, um pouco antes do
assalto, uma van branca com a logomarca de uma loja de móveis e acredita que a
pessoa ao volante tenha dado fuga ao assassino.
Obrigada a beber vinho
A vítima lembrou que foi obrigada a tirar a roupa, cozinhar
para o assaltante e beber vinho. Relatou ainda que o criminoso aparentava ser
“estudado” e estava calmo. Em determinado momento, ele colocou alguns
integrantes da família para fora do quarto, exigiu que todos ficassem
ajoelhados e, em seguida, ordenou que o Pai Nosso fosse rezado. O caseiro
chegou a ser agredido. O maníaco ameaçou: “Quem não souber rezar vai morrer”.
Ainda dentro da casa, Lázaro pediu para uma das jovens tirar
fotos sem roupa. Ele também fez vídeos dentro da residência e perguntou se ela
sabia o porquê das gravações, e explicou que os arquivos iam salvar a vida de
todos que estavam ali.
O tempo inteiro o psicopata questionava sobre dinheiro e
armas. Lázaro teria recebido informações que a família guardava valores e
armamentos no imóvel. O criminoso perguntou ao caseiro se ele tinha inimizade
com alguém, se tinha algum parente policial ou era envolvido com algo errado.
Indagou onde a vítima nasceu e até o nome de seus avós. Logo
depois, disse: “Nossa, estou na casa errada”. Seguiu questionando, no entanto,
se as vítimas já haviam passado por algo parecido. e demonstrou muita
preocupação com o horário. Repetia que precisava ficar lá até meia-noite.
A testemunha ressaltou que Lázaro “pregou a palavra de Deus”.
O psicopata pontuou que, se as fotos da casa assaltada fossem parar na
televisão, internet ou se a mulher fosse “passear” com os policiais atrás dele,
os vídeos e as fotos da jovem seriam divulgados na web.
Buscas
A força-tarefa das polícias de Goiás e do Distrito Federal
entrou, nesta quinta-feira, 24, no 16º dia de buscas, na região de Girassol,
distrito de Cocalzinho, no Entorno. O fugitivo é acusado de cometer série de
crimes – entre os quais, uma chacina que vitimou quatro pessoas da mesma
família, no Incra 9, em Ceilândia, no último 9 de junho.
Informações preliminares apontam possível aparição de Lázaro
na noite de terça-feira, 22, em uma chácara. Moradores de Girassol acionaram a
polícia para ocorrência de troca de tiros entre um caseiro e um invasor. Um
homem teria tentado arrombar a porta do local. Até o momento, no entanto, não
há a confirmação de que o suspeito seja o psicopata foragido.
O caseiro não se feriu e não soube dizer se o bandido foi
atingido. Ele contou que não teve contato visual direto com o bandido e teria
visto apenas “um vulto”.
No último dia 10, uma propriedade rural na mesma região foi
invadida pelo autor da chacina no DF. Na ocasião, Lázaro roubou peças de
queijo, latas de alimentos em conserva, pacotes de biscoito, bandejas de frios
e latas de doce de leite.
Ainda obrigou a dona da casa, Silvia Campos, 40, a cozinhar.
“Ele estava com fome e mandou que fizesse algo para comer. A todo momento,
falava para eu não tentar nenhuma gracinha nem fugir, como a outra mulher fez”,
disse a proprietária do imóvel. A vítima percebeu que Lázaro pegou uma mochila,
um facão, e começou a separar mantimentos.
Rendição
Na terça-feira, 22, pessoas ligadas a Lázaro Barbosa entraram
em contato com um advogado criminalista do Distrito Federal para tentar
intermediar a rendição do foragido à Polícia Civil do DF (PCDF).
Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, o criminalista
assegurou que foi abordado por um grupo religioso que estaria auxiliando
Lázaro. “Me especularam se eu tinha condições de garantir a integridade física
dele”, disse o profissional, que pediu para não ser identificado. O advogado
não aceitou o caso.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de Goiás informou
que não chegou informação no sentido da rendição de Lázaro. “Caso o fugitivo
realmente esteja sendo representado por algum advogado e haja esse interesse, é
solicitado que a força-tarefa seja procurada”, destaca.
Um lençol sujo encontrado na terça-feira, 22, na região de Girassol (GO), Entorno do DF,
pode ser uma nova pista que leve a Lázaro. A perícia vai avaliar se há
vestígios de sangue na peça ou apenas sujeira de terra.
(*) Com informações do Metrópoles.
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