Após polêmica, Amazon traz ao país cartilha de saúde e segurança para empregados
(Foto: Divulgação) |
A Amazon anunciou no último mês que está trazendo
para o Brasil a sua iniciativa de saúde e segurança para colaboradores,
chamada Working Well. Trata-se de um plano global que custou cerca de US$
300 milhões à empresa e tem como objetivo melhorar as condições de trabalho em
suas dependências.
Segundo a big tech, que vem sendo paulatinamente
criticada por questões trabalhistas, o programa foi desenvolvido em colaboração
com trabalhadores de dentro de suas operações e teve seu início em 2019, nos
Estados Unidos. Hoje, já contempla cerca de 859 mil funcionários em 350 locais
nos Estados Unidos e na Europa.
A varejista estima ainda que, até o final de 2021, o programa
deve expandir para cobrir toda a sua rede de operações nos EUA e também para o
Brasil, com o objetivo de reduzir o registro de taxas de incidentes em 50% até
2025.
"Nossa missão é bastante clara, fazer com que a Amazon se
torne um lugar cada vez mais seguro para trabalhar. Nessa linha, estamos
utilizando metodologias comprovadas para melhorar a saúde e a segurança dos
nossos trabalhadores", diz Ricardo Pagani, diretor de operações da Amazon no
Brasil.
Entre as medidas, estão pausas no trabalho para exibição de
vídeos criados por especialistas para prevenção de lesões; realização de
exercícios para evitar tais lesões; criação de quiosques de feedback para que
os funcionários opinem sobre o programa; e criação de um app para facilitar o
acesso remoto ao conteúdo.
À época do anúncio, no entanto, a companhia foi criticada por
conta de um aspecto polêmico da proposta, as AmaZen. Este foi o nome dado
para as "cabines de relaxamento" instaladas dentro das dependências
de algumas plantas da empresa durante o desenvolvimento do método.
Internautas e até políticos, como o ex-deputado espanhol Íñigo
Errejón, criticaram a formatação do espaço de descompressão. Isso porque, no
vídeo apresentado pela companhia, a solução aparenta ser uma cabine (como as antigas
cabines telefônicas) sem janelas e que tem espaço para abrigar apenas uma
cadeira e uma mesa. Ali, o funcionário deve assistir aos vídeos de orientação
ou tirar tempo "para relaxar" em isolamento. O AmaZen fica instalado
no meio do ambiente produtivo.
Segundo a marca, as cabines não desembarcam por aqui logo de
cara, mas existem planos para que elas sejam incorporadas à estratégia no
futuro. Questionado sobre a recepção negativa da iniciativa, Pagani afirma que
pode ter havido uma percepção equivocada por parte da opinião pública.
"O ambiente dentro da operação pode ser ruidoso, pois tem
máquinas operando. A ideia é propiciar um lugar calmo para os colaboradores, um
momento para se recompor durante o expediente, refletir. De qualquer forma,
vamos adaptando as iniciativas ao receber feedbacks", diz Pagani.
Espaços de descompressão
Estes espaços não são novidade no ambiente corporativo,
aparecendo principalmente em startups. O que muda, pelo menos em termos de
aceitação, é como cada empresa atende as necessidades e demandas dos seus
colaboradores e faz com que o espaço realmente ajude no relaxamento dos seus
profissionais.
"Os espaços de descompressão precisam existir para que as
pessoas consigam, pelo menos por momentos, se desligar do trabalho e
relaxar", diz Erika Moraes, especialista em recrutamento e felicidade no
trabalho e bem-estar da Robert Half, consultoria norte-americana de
RH.
"Não existe certo e errado. Ambientes abertos, espaçosos
e com acesso à natureza são reverenciados por trazer um nível de relaxamento
maior, mas um grupo de funcionários pode preferir, por exemplo, descansar
jogando videogame. A empresa precisa analisar qual é o público e construir um
produto adequado a partir disso."
De forma mais disruptiva, a paulistana Cochilo aparece
como uma empresa especializada no processo. Desde 2012, oferece cabines para que
pessoas tirem sonecas rápidas em alguns pontos da capital paulista. Empresas
como P&G e Novartis gostaram tanto da ideia que
instalaram cabines de auto-atendimento da marca em suas dependências.
Operação em constante crescimento
A Amazon espera que, a partir da implementação dos novos
processos ainda em 2021, a integração de sua equipe, que não para de crescer no
Brasil, ocorra com cada vez mais rapidez e eficiência.
Cerca de 40% dos acidentes de trabalho que ocorrem na empresa
estão relacionados a desordens musculoesqueléticas, que incluem entorses ou
distensões causadas por movimentos repetitivos.
Segundo a companhia, essas lesões são mais prováveis de
ocorrer entre os colaboradores recém-admitidos, muitos dos quais podem estar
trabalhando em uma função física pela primeira vez.
Em maio, a empresa anunciou a implementação do seu nono centro
de distribuição por aqui, o quinto em São Paulo. O objetivo é reforçar seu
braço logístico, chamado Fulfilment By Amazon (FBA). 450 vagas diretas e
indiretas foram abertas.
(*) Com informações da CNN.
Nenhum comentário