'Que a condenação seja a máxima', diz mãe de Letícia Curado, vítima de serial killer
Familiares de Letícia Sousa Curado de Melo acompanham
o julgamento de Marinésio da Silva Santos, réu pelo homicídio
quintuplamente qualificado da mulher. Os parentes querem justiça em nome da
advogada e de outras vítimas do maníaco. Caso Marinésio seja condenado, a pena
pode ultrapassar 40 anos de reclusão.
A mãe de Letícia Curado, Kenia Sousa, afirmou ao Metrópoles que
a expectativa é de que o julgamento seja justo e que Marinésio não tenha chance
de retornar ao convívio com a sociedade. “Que os jurados tenham a comoção que
todos tiveram quando Letícia desapareceu e foi encontrada morta. Que a
condenação seja a máxima possível, e ele não volte a causar sofrimento a outras
famílias”, afirmou Kenia.
Letícia tinha 26 anos quando acabou morta ao reagir a uma
tentativa de estupro de Marinésio, em 2019. A advogada era funcionária
terceirizada do Ministério da Educação e deixou um filho de 3 anos. Após a
prisão do maníaco, foram identificadas outras 18 vítimas de Marinésio.
De acordo com a mãe da advogada, o julgamento do assassino
esperado por todos. “A condenação é o desfecho de uma luta. O culpado é um
indivíduo perverso e desumano, que um dia após matar minha filha seguia sua
rotina levando aparelhos para uma festa de aniversário em família. Só nos resta
lutar por justiça, porque o que mais queríamos não é mais possível, que era
Letícia viva”, lamentou.
Em setembro de 2019, o Ministério Público do Distrito Federal
e Territórios (MPDFT) denunciou Marinésio pelo homicídio quintuplamente
qualificado de Letícia. Como qualificadoras, a Promotoria de Justiça apontou
feminicídio, motivo torpe, meio cruel, dissimulação e crime praticado para
assegurar impunidade de outro delito. Ele também responde por tentativa de
estupro, furto e ocultação de cadáver.
Luto
“Eu ainda não encontrei o meu lugar nesse mundo sem a
Letícia”, contou Kenia Sousa sobre a morte da filha. Kenia conta que as duas
eram muito ligadas, unidas e dividiam o amor por direito, justiça e estudos.
Depois que de quase dois anos da morte de Leticia, Kenia
percebeu que sentiria a dor da perda para sempre. “Hoje, eu não sofro mais.
Sinto a minha dor como dói uma ferida aberta. Suportei a dor do parto. Agora,
suporto a dor da perda”, desabafou.
Letícia sonhava em ser promotora de Justiça e estava na escola
do MPDFT para fazer o concurso dos sonhos. “Era o melhor momento da vida dela.
O meu sonho de ser mãe de uma promotora de Justiça acabou sendo realizado,
porque, mesmo de forma trágica, inesperada e sofrida, ela acabou promovendo
justiça”, destacou.
Para a família, o julgamento fará parte da história que Enzo
Gabriel, 5 anos, filho de Letícia Curado, conhecerá quando crescer. “Ele vai
saber que a morte da mãe trouxe não só dor para nós, mas vitórias. Vai saber
que a mãe é um símbolo de luta, garra, determinação e justiça. Ele é nosso
acalento, a sementinha de amor que Letícia deixou aqui para lutar por tudo que
ela acreditava”, ressaltou Kenia.
Entenda o caso
Em 23 de agosto de 2019, por volta das 8h, entre o Vale do
Amanhecer e a DF-230, o réu abordou Letícia em uma parada de ônibus e ofereceu
carona. Quando ela estava dentro do carro, Marinésio tentou forçá-la a ter
relações sexuais. Letícia recusou-se e reagiu. Marinésio, então, esganou a
vítima, que morreu asfixiada.
Ele escondeu o cadáver dentro de uma manilha às margens da
rodovia e furtou pertences da vítima: um relógio, um pen-drive, um nécessaire e
um aparelho celular. Os objetos foram apreendidos dentro do veículo quando ele
foi preso em flagrante.
(*) Com informações da Metrópoles.
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