Morre aos 92 anos Paulo Mendes da Rocha, referência mundial da arquitetura
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(Foto: Divulgação) |
O brasileiro Paulo Mendes da Rocha, conhecido internacionalmente
por sua atuação na arquitetura, teve sua morte confirmada neste domingo, 23,
pelo seu filho, Pedro Mendes da Rocha, que fez um post nas redes sociais:
"Depois de tanto projetar edifícios em concreto e aço, meu pai foi
projetar galáxias com as estrelas", escreveu.
Natural de Vitória, no Espírito Santo, Rocha tinha 92 anos e
ganhou em 2006 o Prêmio Pritzker, o mais importante da arquitetura mundial. O
arquiteto conquistou ainda prêmios como o Leão de Ouro, na categoria
arquitetura, da Bienal de Veneza, na Itália, em 2016.
No mesmo ano, recebeu o Prêmio Imperial do Japão, acompanhado
de uma medalha, entregue pelo príncipe Hitachi. Em 2017, foi agraciado com a
Medalha de Ouro Real do Royal Institute of British Architects (RIBA), em
reconhecimento ao conjunto de suas obras.
Como urbanista, Rocha buscou explorar a relação entre construção
e natureza. Uma das obras mais conhecidas do arquiteto é o Museu
Brasileiro da Escultura e Ecologia, da cidade de São Paulo. A capital paulista
também conta com o pórtico da Praça do Patriarca, que leva sua assinatura.
Outra grande obra que marcou a trajetória do arquiteto foi o Estádio Serra
Dourada, inaugurado em 1975, em Goiânia.
Rocha também foi responsável pela reforma do espaço da
Pinacoteca, em São Paulo, na década de 1990, que lhe rendeu o Prêmio Mies Van
der Rohe de Arquitetura Latino-Americana, uma iniciativa Fundação Mies Van der
Rohe.
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, em 1954,
Rocha tornou-se professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo (FAU-USP) em 1961. Ele passou a integrar o grupo de
arquitetos liderados por João Batista Vilanova Artigas, constituindo a chamada
“escola paulista”, que tinha como marcas o uso do concreto armado e a ênfase
nas soluções estruturais de grande porte.
Em 1968, projetou o Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães
Prado (Parque Cecap), em Guarulhos, em parceria com os arquitetos Vilanova
Artigas e Fábio Penteado. No ano seguinte, foi afastado da USP após o Ato
Institucional nº 5 (AI-5). Retornou à universidade em 1980, como auxiliar de
ensino. Atuou na representação de classe ao presidir o departamento paulista do
Instituto dos Arquitetos do Brasil por dois momentos, entre 1972 e 1973 e no
período de 1986 e 1987. Em 1998, tornou-se professor titular e aposentou-se
compulsoriamente, aos 70 anos.
Em 2006, ele recebeu o prêmio Pritzker (ele foi
apenas o segundo brasileiro a ser laureado com a honraria). O primeiro foi
Oscar Niemeyer, em 1988.
O traçado do arquiteto
Em suas obras, a construção parecia não carregar um sentido
pedagógico necessariamente explícito, fugindo do formalismo e expressando-se na
forma de gestos primários. Como a grande viga-marquise do Museu Brasileiro da
Escultura, que tem uma função essencialmente simbólica de demarcar uma
construção subterrânea.
No livro "Genealogia da imaginação", Rocha descreve
parte do seu processo de criação. “Quando o arquiteto risca no papel uma
anotação formal, um croquis, está convocando todo o saber necessário, mecânica
dos fluidos, mecânica dos solos, máquinas e cálculos que sabe que existem para
fazer aquilo. Não se trata de fantasias, mas uma forma peculiar de mobilizar o
conhecimento, o modo arquitetônico”.
(*) com informações da CNN.
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