Com pandemia, fabricantes estão ficando sem garrafas
(Foto: Eeshan Garg/Unsplash) |
Em casa por conta da pandemia, a população brasileira
está bebendo para passar o tempo. O problema é que, com as
dificuldades impostas pela crise, as fabricantes da bebida estão com problemas
para conseguir comprar garrafas desde o final do ano passado.
É o que mostra um relatório do Credit Suisse, de 29 de março,
assinado por Marcella Recchia e Henrique Rocha. A dupla conversou com um grande
fornecedor de garrafas de vidro para a indústria brasileira de cerveja e
concluiu que as restrições de embalagens de garrafas de vidro devem persistir
até 2023.
"Mesmo com a suposta desaceleração do consumo em
fevereiro, impulsionada por subsídios governamentais mais baixos e o preço mais
alto da cerveja, a indústria não foi capaz de construir estoques, o que levou a
uma continuação nas restrições de capacidade", diz o texto.
A produção nacional até cresceu de 6% a 7% no final de 2020,
mas o aumento foi insuficiente. Para 2023, espera-se novo incremento, de 8% a
10%, na produção, o que deve normalizar o mercado. Enquanto isso não acontece,
algumas marcas têm importado o produto ou adaptado a produção.
Heineken e Petrópolis, segundo o estudo, foram as mais
impactadas. A gigante holandesa administrou parcialmente o problema importando
de 25% a 30% de suas necessidades de garrafas de vidro no ano passado a preços
40% acima dos domésticos.
A marca brasileira, por sua vez, foi a mais impactada, o que
levou a empresa a desviar a produção para latas de alumínio.
Já a AmBev, líder no segmento, quase não sofreu o impacto da
escassez de garrafas de vidro no mercado, se beneficiando de sua produção
própria (cerca de 44% dos recipientes foram produzidos pela própria companhia)
e de "contratos sólidos com grandes fornecedores".
Com essa priorização por parte dos fornecedores, o banco
acredita que "a AmBev está melhor posicionada no setor para lidar com o
ambiente restrito de fornecimento de embalagens. Dessa forma, a empresa deve
continuar se beneficiando da integração vertical com suas próprias fábricas de
latas de alumínio e garrafas de vidro."
Em nota, o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja
(Sindicerv) esclarece que a falta de garrafas que o mercado vem enfrentando é
um reflexo do impacto que a pandemia gerou no cadeia de insumos e produção de
embalagem --e que vem afetando diversos segmentos.
"Especificamente no setor cervejeiro, estamos enfrentando
desafios pontuais com alguns insumos inerentes ao negócio, mas buscando junto
aos fornecedores soluções para a normalização e menor impacto possível ao
processo", diz o texto.
(*) Com informações da CNN Brasil.
Nenhum comentário